segunda-feira, 4 de junho de 2007

Alcoolismo é uma forma de corrupção

O consumo de bebidas alcoólicas no Brasil aumentou 150% nos últimos 30 anos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O governo não fechou os olhos para esse crescimento alarmante e suas conseqüências: na quarta-feira (23/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou o decreto 6.117/2007, que instituiu a Política Nacional do Álcool. O documento reúne 30 medidas que restringem a exibição da propaganda de bebidas com baixo teor alcoólico – o caso da cerveja, por exemplo – na televisão. De agora em diante, esse tipo de anúncio só poderá ser veiculado a partir das 21 horas. Na mídia impressa, as peças deverão conter advertências sobre os riscos à saúde, como já ocorre na propaganda de cigarros.
A polêmica está no ar. De um lado os publicitários e os fabricantes de cerveja defendendo seu peixe; do outro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por impor as medidas do decreto. O Observatório da Imprensa na TV de terça-feira (29/5) debateu o tema.
No editorial que abre o programa, Alberto Dines mencionou os reincidentes escândalos de corrupção que afetam a credibilidade de um Brasil sério. E aludiu ao tipo de corrupção que o alcoolismo produz na sociedade – "corrupção do caráter, dos valores, da responsabilidade, da coesão social" [ver abaixo a íntegra do editorial]. Para Dines, o Estado tem a tarefa de regular a propaganda do álcool e do cigarro sobretudo nos meios de radiodifusão, que são concessões públicas. O apresentador disse também que em geral o programa guarda o direito de não revelar o nome de quem não quis participar do debate, mas que nesta edição havia um dado que se fazia necessário registrar: nenhum publicitário, nenhum representante de grandes redes de mídia eletrônica ou da indústria cervejeira, ou mesmo do Conar, aceitou participar do programa. A única manifestação pró-cervejeiras veio através do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), que enviou uma nota que foi lida no ar [ver íntegra abaixo]. Diz o Sindicerv que a indústria e o Estado deveriam andar juntos para encontrar soluções para os problemas reais e cientificamente comprovados advindos do consumo do álcool. Um tanto quanto paradoxal.

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